Garotas Gamers

Há poucos jogos eletrônicos protagonizados por mulheres que sejam heroínas e que tenham uma relevância na trama.

No fim de 2012, a firma de consultoria especializada em games EEDAR (Electronic Entertainment Design and Research) analisou 669 títulos com protagonista de gênero reconhecível e descobriu que apenas 300 deles traziam a opção de escolher ou criar uma personagem feminina.

Mais: do total de jogos pesquisados, apenas 24 (menos de 4%) tinham mulheres como protagonistas exclusivas.”, diz Anderson Leonardo na Folha de S. Paulo.

Quando a mulher possui uma participação, geralmente, esta é secundária. Tratando-se apenas de uma personagem a ser salva, de uma mera assistente do heroi ou, até mesmo, de parte do cenário.

A primeira aparição do sexo feminino nos games foi em 1981, com Pauline em “Donkey Kong”. O jogo trata de um encanador que precisa resgatar sua namorada (Pauline) de um gorila. Esse tipo de narrativa (“donzela em perigo”) foi uma fórmula a ser comumente utilizada em outros jogos.


Na maioria dos games a mulher é limitada a dois estereótipos: como um individuo incapaz de se cuidar sozinho e como objeto sexual (com características físicas exageradas, além de roupas curtas e decotadas) na tentativa de atrair o público masculino.

Existe uma linha de pensamento, de que este cenário é uma tradução da dominação masculina na indústria dos jogos.

“Cansadas de serem retratadas por clichês considerados sexistas, jogadoras têm lutado por mais histórias protagonizadas por mulheres e um tratamento mais humanizado de tais representantes.

‘Ao entramos numa história, queremos nos sentir parte dela. E não consigo me enxergar nesse padrão de mulher que os homens querem ver’, afirma a recepcionista de hostel Carolina Stary, 20.”, diz Anderson Leonardo.

Uma sociedade "machista" preserva a noção de que videogame é coisa de homem. "Eles ainda acham que não sabemos jogar, que não temos habilidade para isso.", diz a designer de jogos Maíra Testa.

Para fugir do assédio, algumas jogadoras tomam medidas para evitar a revelação de suas identidades, como evitar falar ao microfone durante uma partida on-line ou usar nomes de usuário que identifiquem seu gênero.

Alguns garotos planejam boicotes na presença de alguém do sexo oposto em partidas on-line.

Carolina Stary, 20, já foi vítima de insultos e ameaças movida por seu gênero durante partidas de games on-line
Carolina Stary, 20, já foi vítima de insultos e ameaças movida por seu gênero durante partidas de games on-line. FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/09/1334778-cansadas-de-estereotipos-negativos-mulheres-querem-tratamento-mais-justo-nos-games.shtml

Apesar da quantidade crescente de jogadoras – em países como Brasil, Estados Unidos e Reino Unido – estas ainda são vítimas de preconceito e os desenvolvedores continuam excluindo as mulheres de maneira machista.

Esta tendência a exclusão é uma lógica de marketing das desenvolvedoras de games. “Ainda em sua pesquisa sobre gêneros, a EEDAR revelou que jogos eletrônicos vendem 75% mais quando possuem só protagonistas masculinos. Mas o marketing também conta. Games estrelados exclusivamente por mulheres recebem apenas metade da verba que os outros têm para divulgação na mídia.”, afirma Anderson Leonardo.

A paulistana Maíra Testa, 24, é designer de jogos e, nas empresas pelas quais passou, o sexo oposto compunha sempre a maioria. "Já trabalhei com muitas garotas no setor de design. Mas em programação, por exemplo, quase não há não mulheres", relata. "[Essa área de games] é um meio muito masculino ainda."

Apesar da existência de diversos pontos negativos anteriormente citados, a situação está mudando – mesmo que lentamente. Jogos como “Mirror’s Edge” e “Tomb Rider” trazem uma mulher mais real.
"O videogame precisa ser uma mídia inclusiva", diz Ivelise Fortim, professora de psicologia da PUC-SP e pesquisadora do tema. "Ele tem que espelhar a diversidade que existe na vida cotidiana."

escrito por Adriane Gomes
REFERÊNCIAS:
Anderson Leonardo. Cansadas de estereótipos negativos, mulheres querem tratamento mais justo nos games. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/09/1334778-cansadas-de-estereotipos-negativos-mulheres-querem-tratamento-mais-justo-nos-games.shtml>. Acessado em: 19 de setembro de 2013.

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4 Comentários

  1. Muito bom Dri. A Karine escreveu uma revista discutindo um assunto parecido, mas focando as mulheres e a ciência.

    Uma pesquisa um pouco mais profunda poderia gerar um artigo para publicação na revista do CEFET ou em um evento da área. Quem sabe podemos pensar no assunto depois da META.

    Abraços.

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    1. Fico feliz em saber que gostou do artigo professor.
      Nossa adoraria aprofundar-me neste tema, achei muito interessante! Com certeza pensaremos nisso depois com a Karine.
      Abraços.

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  2. Adorei! Muito bom mesmo.
    Como o Alisson disse, também estou trabalhando com um tema da mesma área. Depois podemos discutir sobre o assunto!
    Vamos contribuir para a dominação das mulheres na Terra (risos).
    Beijos.

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    1. Ficarei bastante feliz em discutir o assunto com você Karine, e ainda mais em dominar o mundo rs!
      Beijos.

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